quinta-feira, 25 de março de 2010

3.000 aves mortas por ano nas linhas eléctricas

Açores: Linhas de eletricidade matam 3000 aves por ano no arquipélago.

Ponta Delgada, 22 mar (Lusa) - A colisão com linhas elétricas e a eletrocussão provocam anualmente a morte de cerca de 3000 aves nos Açores, segundo estimativas da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) que preocupam a Eletricidade dos Açores (EDA).

“Estimamos que a interação com as linhas elétricas provoque a morte a cerca de 3000 aves por ano”, afirmou Hugo Sampaio, técnico da SPEA, que desenvolveu um estudo sobre este problema em oito das nove ilhas dos Açores.

Neste estudo, que apenas não incluiu a ilha do Corvo, foram encontradas 452 aves mortas por eletrocussão ou colisão com linhas de transporte de eletricidade no espaço de um ano, o que levou à estimativa de cerca de 3000 mortes anuais no arquipélago.

“Se acontece este mal, é porque alguma coisa está a falhar”, admitiu José Manuel Marques, responsável pela Qualidade e Ambiente da EDA, acrescentando que a solução do problema pode passar pela colocação de sinalizadores nas zonas onde ocorrem mais colisões.

A SPEA e a EDA assinaram há quatro anos um protocolo para avaliar a interação entre a avifauna e a rede de transporte e distribuição de energia elétrica nos Açores.

O estudo, realizado durante um ano, detetou 452 aves mortas, das 315 por colisão com linhas elétricas e 137 por eletrocussão.

A espécie mais afetada pela eletrocussão foi o milhafre, devido ao seu porte e hábitos de caça.

“Os milhafres têm uma visão muito apurada, é das poucas espécies que gosta de poisar nos postos para caçar”, salientou Hugo Sampaio, acrescentando, no entanto, que o problema também atinge espécies mais pequenas, como gaivotas de patas amarelas, pombos das rochas, estorninhos malhados ou melros.

As ilhas Graciosa, Terceira, Santa Maria e Pico são, segundo este especialista, as que apresentam mais mortes por eletrocussão, enquanto em S. Miguel se encontram as linhas mais modernas e os postes mais seguros.

A EDA, segundo José Manuel Marques, considera que “é importante atuar” nesta área, tendo passado a realizar desde 2009 “algumas ações na manutenção e construção de linhas conducentes à diminuição do impacto na avifauna”.

Nesse sentido, a elétrica açoriana pretende adquirir em breve dispositivos anticolisão, que serão colocados inicialmente em S. Miguel e na Terceira.
José Manuel Marques garantiu, no entanto, que a EDA vai intervir em todas as ilhas até 2011, alterando a configuração dos suportes de apoio das linhas, o que deverá evitar as mortes de aves por eletrocussão.

“O plano da EDA abrange todas as ilhas, de acordo com o que foi estabelecido com a SPEA”, afirmou, acrescentando que “os resultados deverão aparecer já este ano”.

Relativamente às novas linhas de transporte de eletricidade que vierem a ser construídas, José Manuel Marques assegurou que “já terão em consideração as novas tipologias de apoio”.

APE.

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