Foi ontem discutida no plenário da Assembleia Regional a “PETIÇÃO CONTRA A CONSTRUÇÃO DO CAMPO DE GOLFE DE SANTA MARIA”, que recolheu a assinatura e o apoio dum total de 363 cidadãos.
A Petição visa o cancelamento do projecto de construção dum campo de golfe na freguesia de Almagreira, na ilha de Santa Maria, alegando entre outros os seguintes motivos:
- Há provas evidentes e suficientes de que o golfe não é um investimento rentável nos Açores.
- O campo de golfe de Santa Maria é um projecto que contraria as medidas de contenção do investimento público, estando orçamentado em quinze milhões de euros.
- O projecto do campo de golfe de Santa Maria é um atentado ambiental a um conjunto de terrenos com os solos mais férteis da Ilha de Santa Maria, conhecidos, em tempos, pela produção de cereais, recurso que será destruído de forma irreversível.
- Não há um estudo que garanta que o campo de golfe se auto-sustente em termos de necessidade de água e, numa ilha onde ela escasseia, isso representa um perigo latente.
Todos os partidos presentes na Assembleia, excepto PS e PSD, concordaram com os motivos expostos pela Petição para a rejeição do projecto de construção do campo de golfe. O projecto, que custaria à Região um mínimo de quinze milhões de euros, apresenta uns custos claramente exorbitantes nuns tempos como os actuais de contenção orçamental. E a existência de dois campos de golfe na vizinha ilha de São Miguel economicamente ruinosos e dando elevados prejuízos à Região, não deixa dúvidas acerca do futuro igualmente ruinoso deste novo projecto. Também não parecem existir dúvidas de que o consumo de 150.000 litros de água diários e a ocupação dos solos mais férteis da ilha por parte do campo de golfe fazem deste projecto um autêntico atentado ambiental.
O próprio Estudo de Impacto Ambiental, ainda que dando um parecer favorável (como vergonhosamente sempre acontece), levanta numerosos condicionantes ao projecto em relação à utilização racional da água (implicando a sua reutilização), ao necessário tratamento das águas residuais para evitar a poluição dos aquíferos, a uma adequada monitorização do solo, ao consumo de energias alternativas, etc., que na prática fazem deste projecto quase uma ilusão.
Surpreendentemente, o PS acha que o golfe é rentável e que vai atrair magicamente muitos turistas a Santa Maria. E pela sua vez, o PSD criticou a Petição supostamente por criar confusão e estar apoiada em fundamentos vagos.
Como resultado, a maioria representada por PS e PSD não rejeitou na Assembleia a construção do campo de golfe, mas felizmente todos concordaram em suspender temporariamente a sua construção.
Para bem do futuro sustentável e ecológico da ilha de Santa Maria, esperemos que “temporariamente” acabe por se transformar em “para sempre”, tal como infelizmente já acontece com a devolução dos subsídios de férias e de Natal, com a supressão dos feriados e com tantas outras coisas alegadamente “temporárias” que já nunca mais vamos voltar a ver na vida.
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