Os sacos de plástico são um enorme problema ambiental. Diversos estudos indicam que representam cerca de 10% de todo o lixo produzido por uma pessoa. E grande parte deles não chegam a ser reciclados ou tratados adequadamente como resíduo, acabando por ir parar ao meio natural. Nos Açores, os sacos de plástico colocam em perigo os habitats naturais, especialmente o meio marinho, sendo causa habitual de morte para várias espécies. E degradam também fortemente a paisagem das ilhas por se encontrarem espalhados um pouco por toda a parte, principalmente nas ribeiras e beiras de caminhos e estradas.
Para abordar este problema existem diversas soluções, todas elas conducentes, a longo prazo, a uma proibição final da utilização de sacos de plástico. Assim, alguns estudos revelam, por exemplo, que a cobrança duma taxa pelo uso dos sacos de plástico chega a diminuir em mais de 50% a sua utilização.
Considerando todo este problema, há quase um ano chegou à Assembleia Regional dos Açores uma petição que pretendia que fossem tomadas iniciativas legislativas para acabar com a utilização dos sacos de plástico, nomeadamente proibindo a sua distribuição gratuita nos estabelecimentos comerciais (ver texto da petição: aqui).
A petição, tendo como promotor o Daniel Gonçalves, deputado municipal em Santa Maria e conselheiro nacional do Partido Ecologista “Os Verdes”, teve uma boa aceitação. Na sequência, tentando dar forma aos objectivos da petição, o deputado Aníbal Pires (PCP) apresentou uma iniciativa legislativa que pretendia criar uma “taxa ambiental pela utilização de sacos de plástico distribuídos ao consumidor final” (ver texto da iniciativa: aqui).
Com o apoio geral de quase todas as bancadas, o texto desta iniciativa sofreu ainda várias modificações durante a sua discussão e o resultado final foi aprovado com os votos favoráveis do PCP, PS e BE, a abstenção do PSD e os votos contra do CDS e PPM.
A aprovação desta iniciativa foi muito positiva para o ambiente das ilhas, tendo algumas das alterações introduzidas por outros partidos melhorado ainda os seus objectivos. No entanto, umas outras alterações introduzidas levantam, pelo contrário, sérias preocupações sobre o real alcance desta medida aprovada na Assembleia Regional.
Por exemplo, enquanto a proposta inicial fixava o valor da ecotaxa no valor, muito razoável, de 5 cêntimos por saco, a versão final do texto diz que o valor será fixado pelo governo regional e será no máximo de 5 cêntimos. Assim, só depois de conhecermos o valor ou valores fixados é que poderemos saber a efectividade ou ineficácia desta ecotaxa.
Para além disso, a ecotaxa só entrará em vigor dentro de um ano nas grandes superfícies comerciais e de dois anos no pequeno comércio, o que é talvez um tempo demasiado dilatado para as grandes expectativas criadas por esta medida.
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