quinta-feira, 13 de maio de 2010

Reciclagem de lixo orgânico no Nordeste

O Concelho do Nordeste está a construir um Centro de Tratamento e Valorização de Resíduos, que supõe um importante investimento de 2,5 milhões de euros (ver Telejornal RTP Açores, 10/05/2010). Este novo centro vai apostar, de forma pioneira, na reciclagem do lixo orgânico através do método da vermicompostagem, que consiste na utilização de minhocas para transformar o lixo orgânico em húmus. O húmus resultante poderá depois servir de adubo para a agricultura e jardinagem, sendo uma alternativa muito mais ecológica e respeitadora do ambiente que a utilização de adubos químicos.

Para além disso, a produção de húmus orgânico revela ser, do ponto de vista económico, um importante valor para toda a região. Calcula-se que os Açores importam um total de 1.500 toneladas de húmus por ano. A produção deste novo centro poderá servir para reduzir substancialmente as importações, pois o centro tem capacidade para tratar até 6.000 toneladas anuais de lixo. Esta quantidade corresponde ao dobro do lixo produzido pelos munícipes do concelho, razão pela qual o centro poderá estar aberto à recepção de lixo proveniente dos municípios vizinhos.

Mas o tratamento dos resíduos orgânicos traz também evidentes vantagens ambientais. O método da vermicompostagem permite transformar em húmus até o 80 % do volume de lixo. Desta forma, o aterro sanitário do Nordeste verá reduzido de forma substancial a deposição de lixo e o seu tempo de vida será prolongado por muitos mais anos.

O Centro de Tratamento e Valorização servirá também de apoio à recolha de outros tipos de lixo: vidro, papel, metais e plástico. No concelho, este tipo de lixos têm um sistema de recolha porta a porta, sistema no qual o Nordeste também foi pioneiro.


Felizmente, o Concelho do Nordeste não faz parte da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM). O seu presidente, Ricardo Silva, parece continuar sem o menor interesse em apostar na reciclagem do lixo no seu próprio concelho, ou nos restantes da AMISM. Aparentemente indiferente ante as soluções racionais de tratamento de lixo que são apresentadas por outros concelhos açorianos, a AMISM continua a apostar na construção duma dispendiosa, contaminante e ineficaz incineradora. Afinal, quem pagará as consequências será o bolso dos micaelenses, a saúde dos cidadãos (incluindo os do Nordeste) e o ambiente da ilha. Não deixa de ser, portanto, um bom negócio.


Telejornal RTP Açores, 10/05/2010 (minuto 11’15’’):
http://videos.sapo.pt/rtpacores/0WCOeZVY6z1DTKaWkOZz

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